sábado, 28 de abril de 2012

“Teoria dos dois mundos” defendida por Platão (AVA05)


Em que consiste a “Teoria dos dois mundos” defendida por Platão?



Com um toque de seu mestre Sócrates, de quem Platão aproveita a noção de logos, está criada a teoria platônica e a distinção dos mundos sensíveis e inteligíveis.
Platão afirma haver dois mundos diferentes e separados: 1) o mundo sensível, dos fenômenos e acessível aos sentidos; e 2) o mundo das idéias gerais (inteligível), "das essências imutáveis, que o homem atinge pela contemplação e pela depuração dos enganos dos sentidos".
Para explicar melhor sua teoria, Platão cria no livro VII da República o mito da Caverna, segundo o qual imagina uma caverna onde estão os homens acorrentados desde a infância, de tal forma que não podem se voltar para a entrada e apenas enxergam uma parede ao fundo. Ali são projetadas sombras das coisas que se passam às suas costas, onde há uma fogueira. Platão afirma que se um dos homens conseguisse se libertar e contemplar a luz do dia, os verdadeiros objetos, ao voltar à caverna e contar as descobertas aos companheiros seria dado como louco.
No mito podemos associar os homens presos à população e o homem liberto a um filósofo. Os homens presos conhecem apenas o mundo sensível, já o liberto conheceu a verdadeira essência das coisas, conheceu o mundo das idéias.
O mundo material, assim, somente se torna compreensível através da hipótese das idéias, mas tal afirmativa deixa em voga um problema, já que a existência do mundo das idéias não basta a si mesmo. É necessário admitir um conhecimento das idéias incorpóreas que antecedem o conhecimento fornecido pelos sentidos, que por sua vez, somente alcançam o corpóreo.
Platão procura responder este problema no "Mênon", quando explica que o intelecto pode aprender as idéias porque ele é, também, como as idéias, incorpóreo. A alma, antes de prender-se ao corpo, teria contemplado as idéias com os deuses. Com isso Platão afirma a imortalidade.
Daí, no entanto, surge outro problema, que o próprio Platão levantou no diálogo "Parmênides".
Se a imortalidade liga a alma às idéias, como explicar o relacionamento entre as formas e os objetos físicos, entre o incorpóreo e o seu oposto, o corpóreo?
A relação entre as formas e os objetos físicos que lhe são correspondentes é a outra grande questão levantada por Parmênides. Platão procura resolvê-la através das noções de participação (por exemplo: um animal só é um animal enquanto participa da idéia de animal em si) e a de imitação, mas ele próprio cria diversas objeções a essas noções, muitas das quais serão usadas por filósofos posteriores, incluindo seu discípulo Aristóteles.
A teoria apresentada por Platão, embora tenha deixado algumas perguntas em aberto (fato que motivou duras críticas de Aristóteles), e algumas respostas ainda hoje não totalmente compreendidas (como é o caso da imortalidade da alma e reencarnação), é, sem dúvida, um grande marco para a Filosofia.
A construção do conhecimento platônico é uma conjugação de intelecto e emoção, de razão e vontade; a episteme é fruto de inteligência e de amor.

http://dilamarinformaticaueg-dilamar.blogspot.com.br/2012/05/em-que-consiste-teoria-dos-dois-mundos.html

2 comentários:

  1. Platão considerou as idéias como entes reais, que existem em si e por si, que constituem o mundo inteligível, distinto e separado do mundo sensível, que constituem um mundo do ser contraposto ao mundo sensível, que é o mundo do não ser, da aparência, do phainomenos, como se diz em grego, do fenômeno. As idéias são, pois, para Platão transcendentes às coisas. A palavra transcendente tem na técnica filosófica esse sentido: de ser a designação de algo que está separado de outra coisa. Pelo contrário, a interpretação dada modernamente por Natorp converte as idéias em unidades lógicas do pensamento científico, faz delas pontos de vista desde os quais o pensador, defrontando-se com as coisas, organiza suas sensações para conferir—lhes objetividade, realidade.

    Disponível no site: http://www.consciencia.org/fundamentosfilosofiamorente7.shtml. Acesso em 24/05/2012.

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  2. Podemos observar que Platão não buscava as verdadeiras essências da forma física como buscavam Demócrito e seus seguidores. Sob a influência de Sócrates, ele buscava a verdade essencial das coisas. Platão não poderia buscar a essência do conhecimento nas coisas, pois estas são corruptíveis, ou seja, variam, mudam, surgem e se vão. Como o filósofo busca a verdade plena, deve buscá-la em algo estável, nas verdadeiras causas, pois logicamente a verdade não pode variar e, se há uma verdade essencial para os homens, esta verdade deve valer para todas as pessoas. Logo, a verdade deve ser buscada em algo superior.
    Como seu mestre Sócrates, Platão busca descobrir as verdades essenciais das coisas. As coisas devem ter um outro fundamento, além do físico, e a forma de buscar estas realidades vem do conhecimento, não das coisas mas do além das coisas. Esta busca racional é contemplativa. Isto significa buscar a verdade no interior do próprio homem, não meramente como sujeito particular, mas como participante das verdades essenciais do ser.

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